quarta-feira, 25 de maio de 2011

Poéticas sobre amor-paixão e sem compromisso com a Cadência

O amor-paixão é uma magia. É magia dos antropólogos.  Que mesmo distanciados acreditam em seu poder. Paixão é feitiço com destino certo, liberto por alguém interessado, um encostar frenético de corpos, derivado da quimera latejada de cristais, querer quente, sobe pelas pernas, alavancar de disposições e posições itinerantes, vulto que atravessa o compacto cotidiano, e o reinventa, e o colore, encosto que se acopla ao pobre que não faz suas obrigações, ai, amor, paixão, magia, entretenimento, tu roubaste minha disciplina, minha dureza, tu me destes a poesia do beijo infantil, aquela alegria perpétua do primeiro beijo de criança. 


Como boa magia não tirou minha lucidez, fornece-me controle e a serenidade de um guerreiro, de uma sacerdotisa entre brumas espessas, concede a arte de manipular, de seu poder emula toda criatividade cintilante, a vida viva, tu não és irracional, tu és mesmo selvagem e não requer artifícios. Amor, estranho e inominável amor, Amor, prato que se come quente. Paixão que se bebe junto ao agora no frio, aquecendo partes de rotina, vinho e beijos, encostar de lábios, afagos. Amor, vontade de fazer tudo que ficou pra ontem. 


Deito em ti e repouso minhas lesões mundanas do humano que sou. O amor inclui e o nu em sua comensalidade. Ele não refuta o vento, ele aproxima o carinho. Entrego-me ao teu sexo animado. Sexo apaixonado. Sexo bem feito, sem demora e sem hora de acabar. Sexo que alegra e agita os glúteos. Sexo afetivo, sexo meditacional e mediador. Amoroso Sexo Silencioso. Fazer amor de olhos fechados pela manhã no quarto. Transações genitálicas e recreativas. Murmúrio silencioso de ditos impublicáveis. Derretem-se tudo. Recria-se em seus entornos. O amor é aposta. Fica-se opaco sem amor-paixão.


Camila Fernandes
Poeta, Antropóloga- BlasFêmea