domingo, 20 de março de 2011

Pela Blas-Fêmea de todos os manifestos



Eis que das fuligens das fogueiras, das fogueiras de todos os séculos , criaturas cuja ausência é o Y, ou o falo , para os modernos, na aparência de ciborgues, construídas a partir de partes etéreas, porém com a força da história, partes de lama e de caos, partes de sangue daquelas que lutaram, parte de desejo daquelas que desejaram. Criaturas fêmeas porém não feminilizadas, não domesticadas , comandantes da insurgência que está por vir , e virá , contra o império dos falos poderosos, porém vazios de imaginação e performatividade. Conspiram : Do que vale o falo se não tens a imaginação para bruxarias ? Do que valem suas armas se elas não sabem nada sobre antropofagia da carne. Vejam vocês: Canibalizamos sua essência para dessencializar a ditadura da dominação masculina. Não temos essência, queremos dessacralizar a prisão da mulher maternal, doce, soberana em sua submissão cotidiana. Somos ardidas. Somos ácidas.

Sangramos, não percebem ? Nosso sangue torna amarga nossa busca pela emancipação. Sintam o gosto amargo da nossa não condolência. Não fomos derrotadas. Somos cavaleiras do novo apocalipse: um mundo em que mulheres serão gente, enfim. Um mundo onde o par de cromossomos não signifique insuficiências nem faltas. Seguiremos marchando, em uma marcha futurista e cibernética, cheia de cores, em uma marcha infalivel, impavida e esotérica porque é preciso força contra o racionalismo inventado pelos machos sub-criativos.

É tempo de tempestade ácida.

Um comentário:

  1. Não sei se um chamado ou um manifesto. Mas gostei. De maneira muito curiosa iniciei a leitura em crítica desconstrutiva, mas ao final soltei um:" poxa o texto é bom". rsrsrs.Gostei do tratamento ao paradoxo da essência e da falta na constituição macha daquilo que é mulher. Tambem gostei da metafora do sangrar e achei impressionante um chamado feminista que foi o que pareceu, tratar da forma, do corpo, do vazio do corpo, da cultura, das alternativas de resistências e de constatações tão clássicas como a soberania na submissão de maneira tão coesa e rápida (o que de forma alguma quer dizer simples).Para finalizar as duas ultimas linhas me remeteram doces bárbaros rsrsrs

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